sábado, 14 de janeiro de 2012

O VELHO E O MAR


Descalço sentado no velho barco,
o velho solta lágrimas de saudade,
da cumplicidade do seu amante de anos,
do seu mestre de luta,
do seu companheiro sangrento,
que numa vida sofrida causou várias tormentas.

Relembra com saudade as ondas que nele quebrou,
pelo mar onde andou, na sua humilde vida,
criou laços de afeição, enfeitiçou suas redes,
nele pescou uma vida, vida essa que acabou.

Olho para trás e padeço de velhice e de saudade,
de um mar que hoje conheço e do qual sinto saudade.
Na juventude esqueci muitas mágoas,
que no mar as afoguei,
nele escondi minhas lágrimas,
outras por lá deixei.
Agora sendo velho já por lá não posso andar,
oh mar meu grande amigo,
que muito me soubeste dar,
sento-me aqui e recordo se já mais não posso fazer,
fico aqui e recordo momentos do meu prazer.

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