terça-feira, 25 de março de 2014

A Pomba Branca da Paz




Existe um lugar sem um nome
Aonde o seu deverá ser escrito e,
Debaixo do céu ardente
Não há leite e nem mel aqui
Na já devastada terra de Deus...


Alguém seguramente enviará um sinal
Dizendo que nós somos humanos também,
E enquanto o sol se esconde por trás do horizonte
O mundo passa por nós sem que percebamos...


Pomba branca, voe suave com o vento
Leve nossas esperanças embaixo de suas asas
Para o mundo saber, que com aquela criança
à esperança jamais morrerá, voe e encontre
De onde vem o grito daquela alma...


Ondas grandes atravessam nossos mares, mas
Elas não conseguem mover o velho barco encalhado no pedaço de madeira da minha fértil imaginação
Deixe tudo para trás e voe, voe livre ao encontro de Deus
Vá e comece tudo novamente, conte-nos uma nova história...


Mas ao invés de uma vida nova, traga-nos sonhos reais,
Traga-nos tudo de bom que estiver, por trás daquela velha porta fechada
E enquanto isso, eles continuam procurando
Um lugar chamado casa...


Pomba branca, voe com o vento
Leve nossos sonhos e esperanças, por todos os cantos desse mundo, leve-os embaixo de suas belas asas
Leve-os para que o mundo inteiro saiba que,
Aquela esperança não morrerá, aonde todas às  crianças possam encontrar leite e mel, que seus sonhos e desejos possam serem saciados e que seus nomes venham a serem escritos nas paginas da vida,

Pomba branca, permita que nossas crianças não morram jovens, que à vida lhes concedam o direito de escreverem suas histórias.

domingo, 23 de março de 2014

Poema do Menino Jesus






Num meio-dia de fim de primavera eu tive um sonho como uma fotografia: eu vi Jesus Cristo descer à Terra.

Ele veio pela encosta de um monte, mas era outra vez menino, a correr e a rolar-se pela erva
A arrancar flores para deitar fora, e a rir de modo a ouvir-se de longe.
Ele tinha fugido do céu. Era nosso demais pra fingir-se de Segunda pessoa da Trindade.
Um dia que DEUS estava dormindo e o Espírito Santo andava a voar, Ele foi até a caixa dos milagres e roubou três.
Com o primeiro Ele fez com que ninguém soubesse que Ele tinha fugido; com o segundo Ele se criou eternamente humano e menino; e com o terceiro Ele criou um Cristo eternamente na cruz e deixou-o pregado na cruz que há no céu e serve de modelo às outras.
Depois Ele fugiu para o Sol e desceu pelo primeiro raio que apanhou.
Hoje Ele vive na minha aldeia, comigo. É uma criança bonita, de riso natural.
Limpa o nariz com o braço direito, chapinha nas poças d'água, colhe as flores, gosta delas, esquece.
Atira pedras aos burros, colhe as frutas nos pomares, e foge a chorar e a gritar dos cães.
Só porque sabe que elas não gostam, e toda gente acha graça, Ele corre atrás das raparigas que levam as bilhas na cabeça e levanta-lhes a saia.
A mim, Ele me ensinou tudo. Ele me ensinou a olhar para as coisas. Ele me aponta todas as cores que há nas flores e me mostra como as pedras são engraçadas quando a gente as tem na mão e olha devagar para elas.
Damo-nos tão bem um com o outro na companhia de tudo que nunca pensamos um no outro. Vivemos juntos os dois com um acordo íntimo, como a mão direita e a esquerda.
Ao anoitecer nós brincamos as cinco pedrinhas no degrau da porta de casa. Graves, como convém a um DEUS e a um poeta. Como se cada pedra fosse todo o Universo e fosse por isso um perigo muito grande deixá-la cair no chão.
Depois eu lhe conto histórias das coisas só dos homens. E Ele sorri, porque tudo é incrível. Ele ri dos reis e dos que não são reis. E tem pena de ouvir falar das guerras e dos comércios.
Depois Ele adormece e eu o levo no colo para dentro da minha casa, deito-o na minha cama, despindo-o lentamente, como seguindo um ritual todo humano e todo materno até Ele estar nu.
Ele dorme dentro da minha alma. Às vezes Ele acorda de noite, brinca com meus sonhos. Vira uns de pena pro ar, põe uns por cima dos outros, e bate palmas, sozinho, sorrindo para os meus sonhos.
Quando eu morrer, Filhinho, seja eu a criança, o mais pequeno, pega-me Tu ao colo, leva-me para dentro a Tua casa. Deita-me na tua cama. Despe o meu ser, cansado e humano. Conta-me histórias caso eu acorde para eu tornar a adormecer, e dá-me sonhos Teus para eu brincar.

Fernando Pessoa.

E Se Você Não Existisse Mais????



E se você não existisse,
Diga-me por que eu existiria?
Para sair vagando em um mundo sem você
Sem esperança e sem lembranças.

E se você não existisse mais,
Eu teria que inventar o amor,
Como um pintor que vê sob seus dedos
O nascer das cores de um novo dia.
Que não volta mais.

E se você não existisse,
Diga-me, por que eu existiria?
Com estranhas paixões dormindo em meus braços
Eu não as amaria jamais.

E se você não existisse mais,
Eu seria somente um ponto a mais
Neste mundo que vem e vai,
Eu me sentiria  perdido,
Eu precisaria de você.

E se você não existisse,
Diga-me, como eu existiria?
Eu poderia fingir ser eu,
Mas eu não seria verdadeiro.

E se você não existisse,
Eu creio que não teria encontrado
O segredo da vida, por que?
Simplesmente por acreditar em você

E por te olhar!!!!

Et si tu n'existais pas... ( H. Ségara - Joe Dassin )


https://www.youtube.com/watch?v=2W1dBBqIHU4

segunda-feira, 3 de março de 2014

Relato de um Quase Perdido.



Por toda vida busquei a sabedoria, ainda que não soubesse exatamente o que era e como a encontraria, percorri então muitos e muitos caminhos, que foram dos monges budistas aos textos hindus, não bastaram filósofos, psicólogos, psicanalistas, pensadores e pessoas iluminadas, encontrava ali algum sentido e as coisas que embora fossem lógicas não podiam me levar a sabedoria, durante algum tempo eu estava bem, mas logo caía novamente e me entregava as mazelas de minha natureza corrompida.  Saibam que, uma lâmpada consegue iluminar a outra lâmpada, contudo não é capaz de acende-la. Procurei em quase todos os lugares, menos no lugar mais óbvio, sem saber a sabedoria estava me testando e eu havia de cair e sofrer muito até me encontrar com Deus!

Busquei-a incansavelmente, embora sempre estivesse cansado, alguns até notavam minha "sabedoria" que parecia ser algo útil aos outros, para mim era apenas tristeza, vazio e sofrimento, ainda que não notassem.

Andei ainda com ricos e pobres, nobres e plebeus, espirituosos e ateus, certos e errados, nos dias e nas noites, poderosos e fracassados, pus-me então a observá-los.


Poucos ricos pareciam ter alguma sabedoria, embora fossem a minoria e diga-se grande minoria, os demais eram obcecados por seu dinheiro, ainda que fossem absolutamente miseráveis, eram tão pobres tão pobres que só tinham dinheiro, alguns pareciam realmente ter sabedoria, e se puseram a me ensinar muitas coisas, ensinaram-me lições valiosas, porém ainda não era o que eu buscava embora não soubesse o que buscava, se apoiavam em suas riquezas e portanto se achavam seguros, poderosos e inteligentes ainda que fossem tristes e amargurados, mesmo que nunca tenham confessado, hoje vejo com clareza que o inferno esta mais próximo do que se pode imaginar. Corri como caça.


Encontrei também pobres e humildes, e achei que tinha encontrado realmente pessoas sábias pois viviam na simplicidade, admirei-os e com eles aprendi muito também, aprendi coisas valiosas, mas ao fim a pobreza era para eles um fardo e sua humildade não passava de uma imposição e não uma escolha, descobri então que dentre os pobres e humildes existem mais sábios do que entre os ricos, ainda que não saibam de sua sabedoria. Coloquei-me então a me perguntar seria possível possuir a sabedoria sem que se soubesse dela ? Descobri então que alguns eram lâmpadas iluminadas sem saber o que as iluminavas, mas nunca estiveram acesas, coloquei-me então a correr.


Pus-me então entre os ateus e os espirituosos, de várias religiões, observei então os ateus e nossa alguns realmente tinham argumentos, muitos argumentos e eram absolutamente razoáveis e desenvolvidos intelectualmente e por meio de seu intelecto queriam explicar o que estava acima de sua capacidade de raciocínio, eram pobres e muito, muito tristes, nunca conseguiram ver que seus cérebros apenas os poderiam levar aos limites estabelecidos por suas próprias inconsciências fui um deles.


Observei então algumas pessoas religiosas, e entre eles encontrei muitos iluminados, porém ainda que não soubessem exatamente o que os iluminava, sabiam talvez de onde vinha a luz, mas não sabiam como a luz chegava até eles, muitos ainda presos a seus limites inconscientes, muitos presos ainda a necessidades mundanas e de seus corpos, escravos de si próprios, ainda que tivessem um salvador ou vários, dependia do caso, não me interessavam muito, pus-me então a correr novamente.


Pus-me então entre os poderosos e fracassados, e notei que o que faltavam nos fracassados sobravam nos poderosos, um ego predador, notei então que os poderosos eram apenas pessoas atormentadas por seus Egos destruidores e megalômanos, todo tipo de maldade pude vê-los executar, todo tipo de trapaça que favorecem seus ideais e desejos, eram apenas escravos, escravos e perturbados pelo demônio de seus egos, que os esperava sucumbir para levá-los ao lugar que mais temiam, embora esse lugar os esteja esperando e eles sabem disso ainda que inconscientemente e portanto são tão maus e predadores que puderem ser, afim de garantir o ingarantível, o poder, pois ele não existe no mundo dos homens, é apenas uma simulação reconhecida pelos fracassados.

Pus-me então a desfazer-me de meu Ego, eu achava que talvez fosse um passo importante, nossa como eu queria ser sábio, estava disposto a tudo, pus-me então a desfazer-me de minha imagem pessoal e desfiz-me de tudo, tudo que pudesse ser uma autoimagem, e a cada dia eu deixava um pouquinho de minha imagem pra trás, mal sabia que isto também era uma simulação de meu próprio Ego para me levar do lado dos poderosos ao lado dos fracassados, sofri então, muito, sofria pois tinha muita inteligência e muitas lições importantes conhecidas na mochila, mas agora eu simplesmente não era mais ninguém pois tinha destruído propositalmente minha autoimagem, foi aí que as coisas começaram a se complicar.

Caí de joelhos sobre o peso de minhas próprias escolhas e lógicas, sofri e caí no fundo de um poço frio e escuro, estava sozinho, sozinho e muito longe de saber ao certo quem eu era ou o que estaria fazendo aqui neste mundo, meu corpo e mente então assumiram completamente o comando, e como era de se esperar me levaram a satisfazê-los, nem que isto custasse minha própria alma.

Cheguei portanto ao fim do poço, não sentia mais ânimo nem para levantar da cama, me drogava, bebia com frequência, fumava e fazia coisas que todos os outros achavam normais afim de que pudesse de alguma forma estar conectado com a vida, ainda que fosse através do sofrimento.

Tudo que eu conhecia como minha vida já não tinha mais sentido, a minha busca pela sabedoria tinha acabado comigo, não tinha mais nada, não tinha mais vontade de viver.


Foi então que  um dia a beira da loucura veio a mim uma voz que falava a meu coração empedrecido e duro como jamais tivera notado antes, era a voz de Deus que através de seu espírito santo me iluminava afim de que eu renascesse, e então a minha vida de repente começou a ter sentido novamente.


Dia após dia eu buscava em Deus somente uma força pra continuar vivo, sem saber o que faria com ela, foi então que a sabedoria de Deus me encontrou, não estava pronto para possuí-la mas o simples fato dela ter me encontrado minha vida foi transformada de uma forma tão radical que as mudanças ficaram visíveis física e fisiologicamente, eram incontestáveis, verdadeiras e reais, tão reais, tão reais como um nunca tivera eu sido antes.


Coloquei-me então a estudar a Bíblia e rezar diariamente pedindo a Deus que me desse um pouco de razão para viver, e antes que eu pudesse esperar vi minha vida ser restaurada, ser recriada de um forma que eu jamais imaginei que poderia ter sido.



Hoje minha busca pela sabedoria acabou pois sei exatamente de onde ela vem, esforço-me para que Deus permita-me que a possua e para que todas as obras realizadas por minhas mãos sejam feitas e inspiradas pelo poder do espírito santo de Deus, a única e verdadeira sabedoria que existe vem de Deus, o resto é dissimulação, tristeza e sofrimento, não tentem trilhar por caminhos que passei pois o sofrimento é certo.

Desconhecido.

Se o Vento Soprar





Se você for me deixar, querida
Deixe alguma analgésico na minha porta
Porque vai ser preciso muita medicação
Pra perceber que o que nós tínhamos
Nós não existe mais

Acredito que somente à religião possa me salvar
Não importa quanto tempo meus joelhos estejam no chão
Então, lembre-se de todos os sacrifícios que estou fazendo
Pra te manter ao meu lado, mesmo que seja somente um abstrato de sonhos, eu só queria ter evitado que vc tivesse saído por aquela velha prota.

Se vc não voltar, não haverá luz do sol
Se eu te perder querida, não haverá céu claro
Se eu te perder querida, tudo estará consumado e o eu não existirá mais.
Assim como as nuvens, meus olhos farão o mesmo
Se você se afastar, todos os dias irá chover e eu sempre irei chorar.

Apenas não diga Adeus
Apenas não diga, e  volte pro nosso mundo

irei recolher meus pedaços e recomeçar, tudo isso se vc voltar, do contrário irei me tornar pó e sumirei no primeiro vento que soprar.

domingo, 2 de março de 2014

Dos Meus Pecados!




Veja a flor que nasce linda

Lá no coração da várzea


Que ainda guarda um cheiro teu



Há fantasmas nas molduras


Habitadas de silêncio


Presságios que ainda são só meus



Que vez por outra


Se ausentam das paredes


Deste rancho envelhecido



E só Deus poderá me dar


Toda paz que necessito


Pois na estrada dos aflitos


São meus os pecados cometidos


Em nome do amor

Entrego a ti vida cigana


Num fim de semana vou partir


Fecho o rancho, abro a cancela



Vou buscar por ela onde tiver que ir


E se acaso o meu corpo envelhecido


Ainda andar nos corredores



Eu vou seguir buscando em ti


O amor que necessito


E o sorriso mais bonito que eu já vi




Jairo Lambari Fernandes