Lembro-me como se fosse ontem. O primeiro olhar, o primeiro carinho, o primeiro beijo e as juras de amor eterno tendo apenas a lua como testemunha.
Ah! E como tudo foi lindo desde o primeiro encontro: o Sol a se esgueirar por entre as sombras das árvores daquela pracinha. Tudo era magia, tudo se eternizava e se tornara inesquecível!
Até hoje guardo o aroma de seu perfume, seus cabelos esvoaçantes, como uma princesa saída do mais belo conto de fada.
Perambulamos então até sermos embriagados pelo som das águas cristalinas que da cachoeira despencavam, tendo como melodia o canto lírico dos pássaros. Muitas lembranças ainda vagueiam em meus sonhos, como o colibrí que voejava por sobre as flores.
Lembro-me bem de nossos dias de espera para que o fim de semana chegasse, seus olhos mareavam quando, ao entardecer dos domingos, nos despedíamos sabendo que haveria de esperar uma semana para nos vermos novamente. Mas tudo recomeçaria no final de semana seguinte, e assim a vida tomou o rumo do desconhecido.
Ainda guardo o seu olhar na despedida, ainda sinto as mesmas lágrimas rolando em meu rosto sofrido, aquele nevoeiro da tristeza se aproximando, nevoeiro este que mesmo depois de tanto tempo insiste em voltar, quando o vento traz, de um passado distante, o seu cheiro de relva, que não me sai da memória.
Doces dias em que me deliciava com o encanto de sua beleza, o cheiro suave do seu corpo e o som mágico de sua voz. Tudo parece um sonho real. Há manhãs em que, ao acordar acredito ainda em sua chegada, mas em seguida vem a vida e diz: ela nuca mais voltará. E assim vagueio por entre amores estranhos, corpos que não tem seu perfume e por sonhos que sei, não são os seus.
Estranho não? Muitos anos se passaram e não te abandonei. Que passe uma eternidade, ainda a imagino voltando. Pouco me importa se a vida te encheu de rugas e cicatrizes, pois se um dia voltar, quero te dar aquele abraço, aquele cheiro... Como se Fosse a Primeira Vez!
Autores: Acelino com participação de Iris Britto
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