quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Por Entre Sombras e Solidão




Oh, acenda a vela, querida

A luz do dia já quase se foi, e a noite perambula a nossa volta

Os pássaros cantaram suas derradeiras melodias

Os sinos chamam todos para a sagrada missa

 

Sente-se aqui ao meu lado e preste muito atenção

Pois a noite é muito longa e não há mais tempo a perder

Há algo que a tempos devo lhe dizer

Antes que eu parta para muito longe

 

Eu me perdi em sonhos fúteis e me esqueci de você,

à irmandade, meus livros foram tudo para mim.

Marchei a passos largos pela vida fácil

No livro da vida rabisquei as palavras de Deus

Numa ignorância sem fim eu quis mudar o contesto da História.

 

Envelhecido eu estava, já não acreditava mais em mim.

Empoleirado acima do mar, flutuando conforme as ondas

As águas deveriam lavar minhas lágrimas

As chuvas, purificar minhas magoas

O vento, varrer minhas memórias

 

Tenho ouvido o oceano respirar, através de procelas vorazes

Exalar sobre a terra firme o mais puro perfume da vida

Eu sabia do sangue da tempestade, do vinho e da solidão

E do vento, sua ira eu deveria tolerar

 

E então os anos se passaram, o vento levou embora a poeira e os sonhos

E dentro de minha cela rochosa eu habitava meus medos

Com apenas um rato e um pássaro, meus eternos companheiros

Minha querida, eu os amava muito, dias e noites entre a sombra e a solidão.

 

E então veio o passar da historia

E acordei aqui do seu lado

Muitos anos se passaram ate eu estar aqui

Finalmente eu estou contigo

 

Em estradas empoeiradas eu caminhei

E por sobre altas montanhas voei

Através de correntezas profundas

Sob o céu sem fim eu te procurei

 

Sob estas flores de jasmim busquei uma imagem sua

No meio dos ciprestes gigantes acabei não te encontrando

Hoje te dou todos os meus livros, entrego-te todas as minhas histórias

Todos os seus mistérios e infindáveis sonhos meus.

 

Agora querida, pegue a ampulheta do tempo

E vire-a de cabeça para baixo e deixe o tempo correr

Pois quando a areia estiver parada, talvez eu não estejas mais aqui

Quando os meus olhos se fecharem, tu sentiras que eu parti.

Que no apagar das luzes, Deus se lembre de mim

Que você guarde na memoria o melhor que pude te dar

Mesmo vagando em noite eterna meus sonhos eram somente seus

E em minha cela rochosa, o meu refugio era Deus

 

 

Oh, acenda a vela, querida

A luz do dia já quase se foi

Os pássaros entoam suas derradeiras canções

Os sinos chamam todos para a missa

Pois no amanhã eu não estarei mais aqui!

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