domingo, 6 de março de 2016

O VENCEDOR



De Maria Amelia Rodrigues

Dá um tempo.Dá um tempo! Cadê o tempo? Que tempo, o do calendário, ou Aquele que faz " brotar" rugas? Ou o; da saudade 'daquele tempo'? Milênios, séculos, décadas, anos, meses, semanas, dias, horas, minutos, segundos... Conseguimos! Ou alguém duvida que toda essa divisão e organização que foi feita com ele, o tempo, não fica caracterizado; posse, domínio? Tanto é verdadeiro o domínio, como vês, os despojos foram divididos entre o Calendário ali, quietinho sobre a mesa, ou ainda preso por um prego à parede, ou vergonhosamente para ele como perdedor, sendo manipulado numa Ampulheta, e o que dizer da rendição total que lhe foi imposta ali, dentro daquela caixinha denominada relógio? Ao vencedor, _ no caso nós, não é dado o direito à imposição das regras? E reduzi-lo assim, a míseros milionésimos de segundos , não nos fez vencedores e por conseguinte, senhor dele, o tempo? Todos presentes levam um susto, porque ele o tempo, reage e no susto diz a todos; lamento informa-los, diz esse eterno insubmisso! - Posso parecer lento, lerdo as vezes, isso conforme a ótica interesseira de vocês humanos. Que fique bem claro, sou absolutamente indomável! Jamais me submeteria ficar aprisionado nessa caixa ridícula, em que vocês tiveram a presunção de me fazer prisioneiro, esse tal relógio... Sou da vida, do mar, das montanhas dos vales, enfim! Nasci assim, inquieto, livre, solto, andarilho... Morreria caso tivesse de ficar parado, acomodado dentro de um calendário! Ou sendo tratado como uma marionete. Com ponteiros a me regular o tempo todo! Não, não, não!!!!! Observo vocês, tem um gosto danado por mandar, comandar, tem mania de controle; é controle de natalidade, da dengue, - aqui falham feio! Controle do portão, da televisão, - assisto cada arranca rabo por causa desse controle... Das pessoas... Quero dizer; comigo não! Me deixem fora disso! Que controlem seus impulsos nervosos, seus medos, suas gastanças, suas insanidades... Me deixem em paz, estou aqui antes de vocês, como disse no inicio, tenho muito trabalho a fazer. Sempre consigo fazer tudo a seu tempo. Já ouviram falar em floresta de pedras? Eu sou bom nisso, transformei árvores em pedras! Sou presente neste instante, sou do hoje, do agora. Nas maternidades mundo afora, eu o tempo, acabei de chegar com vida novinha em folha! Sou assim, dinâmico por natureza. Eu os ouço reclamarem , vivem dizendo ao olharem para a tal caixinha presunçosa; o tempo – no caso eu, passou rápido demais! Ou então, não vai dar tempo! Gostam de falar também; nossa, já é tudo isso? Tudo isto se referindo a minha pessoa... Vivem dizendo que eu mudei, entre si comentam; - você não acha que o tempo está muito mudado? Parece até que o dia não tem mais 24 horas! (Outra vez a bendita caixinha achando que está no comando de alguma coisa)... Eu hein? Quem mudou foram vocês! Se enchem de compromissos e culpam a mim? Criam suas neuras e eu que sou responsabilizado? Galo que canta lá no quintal para despertar, não tem mais, aliás até os quintais sumiram.( não que eu seja saudosista). São os sinais do tempo, - no caso eu. Acordam atordoados, sem tempo, - no caso eu. Agenda lotada; café da manhã, se der tempo, - no caso eu. É o trabalho, o trânsito, a malhação, os estudos, o cabeleireiro, o passeio com o cão, o dentista, o programa favorito, e claro, o Facebook, o Twitter, Whatsapp, Skype... Aceita um conselho de quem já fez muitos rastros na vida, - no caso, eu? Dê -se um pouco de mim, digo, de tempo. Pela manhã, antes de tudo, dê uma dose extra de mim a você mesmo. No banho, sinta, mas sinta de verdade a água morninha te envolvendo , te energizando, para as tais próximas 24 horas. Acalme-se faça o desjejum sentindo o sabor de tudo, ouça com o tempo interior, o crocante do pãozinho, é tão bom! Só pra lembrar; eu não mudei... Tá zen demais? Para mim, sem problemas, as Universidades formam médicos com especialização em psiquiatria e também psicólogos, às carradas, demanda de mercado... Só mais uma coisinha, sempre que você olhar para esse acessório, que nem moda mais é, essa figurinha arrogante chamada relógio, a insinuar que eu, logo eu, estou acondicionado ali, sem saída, lembre-se que só faço de conta que sou submisso, que obedeço. A propósito, já faz tanto tempo, - no caso eu, que sequer me lembro o nome de quem quis me fazer prisioneiro. Ele passou, eu estou. Não me cansarei de repetir esta história; não me lembro de onde ou quando tive inicio, sei que está escrito em um livro bem antigo ( tempo), que jamais terei fim. 
Maria Amélia (2013)

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