Em um
voo rasante, quase que na velocidade da luz, tua nave se aproximou do meu
mundo. Como se a sua frente houvesse um obstáculo intransponível, diminuístes a
velocidade, e por um segundo luz permaneceu em mim. Tua luz era tão intensa,
pois brilhava mais que ADARA! Naquele
instante consegui ver alem da imaginação, olhei para um jardim florido que
estava nascendo em um amanhecer que não me pertencia, em um mundo que não era o
meu! Como se sua nave tivesse tido um probleminha qualquer e necessitasse de reparos, você acabou ficando
um pouquinho mais em mim! Naquele mundo cheio de esperanças e fantasias que
ingenuamente tentei construir, só existia você e eu! Tudo foi tão bom, tão
inexplicável, que até se pareceu com um sonho! Me lembro das tantas vezes que
tentei acordar, só por imaginar que o que estava acontecendo não passava de um
sonho... muito embora houvessem dúvidas quanto a realidade do sonho, em meio a abraços e beijos, me pegava lúcido e
altivo em um universo real. Apesar da sincronia perfeita, dos beijos que
duravam noites inteiras, tudo era turbulência a nossa volta, procelas gigantes
se formavam do nada, e nos envolviam em uma espécie de medo inexplicável de que
tudo pudesse por um instante se acabar. . Tendo em vista que por varias vezes,
em rápidas decolagens sua nave subia, e aí minha luz diminuía a intensidade, e nesse instante meu mundo ficava as escuras.
De repente você do nada reaparecia, e tudo
voltava a brilhar!
Desde
que sua nave atracou em meu mundo, tudo foi diferente, tive vontade de
descobrir coisas novas, coisas que minha desajustada e pacata vida desconhecia.
Como se eu fosse Colombo, com minha Nau, saia junto a você procurando novas
terras, novos mundos, e aventuras diferentes todos os dias, aventuras
essas que hoje enfeitam minha vida na forma lúdica de uma doce saudade!
Como
se tudo já estivesse escrito, que aquele mundo recém criado não era para ser
nosso, depois que a ajudei com os problemas de sua nave, os quais não a
atrapalharia mais em sua viagem, sem me perguntar o preço do serviço prestado,
ou a dor que me causaria, sorrateiramente
sua nave em um triste dia decolou, para nunca mais voltar! O impacto provocado
por sua retirada, me jogou em um buraco negro e sem fim, senti a imensurável
força gravitacional me sugando em direção ao desconhecido, a poeira cósmica com
o cheiro do seu perfume, ao mesmo tempo que me servia de combustível, me
machucava a cada respirar, ainda hoje aquele aroma me maltrata... Por anos
recebi impacto de outros corpos, os quais não eram iguais ao seu, foram apenas
fantasmas que em minhas noites solitárias, eram uma espécie de balsamo que
aliviavam às minhas mais intimas dores... Desse fato confesso que tenho
vergonha, pois tenho tentado ser um homem correto a cada dia do meu viver, e se
eu pudesse voltar no tempo, minhas atitudes seriam bem diferente, ás vezes em
minhas solitárias noites, me pego sendo assombrado pelos tais fantasmas, e isso
ainda tem uma espécie de poder, o de me jogar no seio do mais profundo
arrependimento, pois nem os nomes delas eu guardei...
Podem
até me julgar, porém não sou o único culpado por ter entrado nessa espécie de mundo tacanha e miserável, que minha
ignorância construiu!
Já me
culpei por tudo, mesmo sabendo que a culpa não foi somente minha! Tantas coisas
aconteceram que ingenuamente não soubemos contornar!
Com
sua partida, continuei rodopiando sem sentido, tudo girava em torno de um eixo
imaginário, aonde eu estava a cada dia viajando por estradas que se
continuasse, jamais poderia retornar. Eu acreditava que o meu mundo havia
terminado, Hoje ainda vejo vultos na escuridão, os tais corpos que outrora se
aproximaram de mim, em sonhos, ou em meus pesadelos, insistem em retornar, como
se os rejeitassem, deixo os ir sem se quer perguntar seus nomes.
Tem vezes
que ainda me sinto perdido, me voltam a memória aqueles tempos em que a cada segundo via a minha luz diminuir de intensidade!
Por
alguns instantes me pergunto, aonde esta você agora: quem recebe seus abraços,
seus carinhos, quem os tem os merecem! São tantas perguntas, mas a mais cruel
è: por que deixei você ir embora, por que não lutei um pouco mais!
Como
você faz falta estrelinha do meu amanhecer, como você que era tão real, pode se
transformar neste calvário dolorido e sem fim...
Condenado a morrer amargurado
e nessa escuridão turbulenta, espero ansioso que um dia você retorne ao antigo
porto, e me resgate ainda vivo, pois se você não voltar, que pelo menos possa
aparecer a tempo uma outra nave, trazendo um pouquinho do brilho que era seu,
para me tirar das trevas em que vivo! Se
voltar, com certeza seu lugar estará reservado, e preparado para que nunca mais
eu a deixe partir! Se você foi um sonho eu não sei, só sei que foi bom de mais em quanto durou, apesar de tudo
ter se transformado em tristezas logo depois que acordei. Me sinto como um acusado por crimes não cometidos,
e em uma cela imaginaria, da qual não consigo me libertar, vou tentando viver
na ilusão do seu retorno, ou na incerta
espera de que um dia aporte em minha vida uma outra nave, para me devolver um
pouquinho da felicidade que com você eu aprendi a ter...
E
nesse miserável e aterrador mundinho, nunca mais quero entrar... você é a mais
doloridas e doce das saudades que tenho, me contento apenas quando
percebo, que te perdi, porém a tive por
um breve instante em meus braços...
Lindo parabéns gostei . Neli
ResponderExcluirContínuo lendo.
Obrigado, simples, porém verdadeiro.
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